PARNASIANISMO
O
Parnasianismo surgiu no Século XIX na França. Apareceu como um
movimento opositor ao Romantismo, tentando lutar contra o descuido
textual e o sentimentalismo exagerado. O interesse pela beleza trouxe
algumas características como a arte pela arte, objetividade, com
textos rebuscados, o culto à forma e a valorização dos clássicos.
O próprio nome dado remete à "Parnasos", o lar das musas
na mitologia grega, e o estilo retomou conceitos da Antiguidade
Clássica como o racionalismo. A principal característica parnasiana
era a valorização do soneto, da métrica, da rima e foram os pontos
mais importantes dessa escola literária.
Os
principais autores são:
Alberto
de Oliveira (1857 – 1937): Um dos mais típicos poetas
parnasianos. Suas poesias se caracterizam por um grande preciosismo
vocabular. Possui características românticas, porém não tão
sentimental como os românticos. Obras: “Canções Românticas”,
“Meridionais”, “Sonetos e Poemas”, “Versos e Rimas”.
Raimundo
Correa (1860 – 1911): A visão negativa e subjetiva que tinha
do mundo deu um certo tom filosófico à sua poesia, embora apenas
superficialmente. Poemas:” Plenilúnio”, “Banzo”, “A
cavalgada”, “Plena Nudez”, “As pombas”.
Olavo
Bilac (1865 – 1918): Tentou estudar medicina e advocacia, porém
abandonou as duas carreiras por gostar mais de artes plásticas. Além
de poesias, também escreveu crônicas e comentários, que
inicialmente foram publicados em jornais e revistas. Criou uma
linguagem pessoal e comunicativa, não ficando limitado às idéias
parnasianas. Escreveu: “A sesta de Nero”, “O incêndio de
Roma”, “O Caçador de Esmeraldas” “Panóplias” e “Via
Láctea”.
Estes
três autores formam a conhecida "Tríade Parnasiana".
Profissão
de Fé - Olavo Bilac
Invejo
o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Torce,
aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero
que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
Porque
o escrever – tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal… nem há notícia
De outro qualquer.
Tanta requer,
Que oficio tal… nem há notícia
De outro qualquer.
Assim
procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma.
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma.
O poema Profissão
de Fé de Olavo Bilac é um clássico do parnasianismo, pois engloba
exatamente as suas principais características em apenas alguns
versos. Na primeira estrofe se apresenta uma grande admiração do
autor para com o ourives, com a delicadeza no qual ele consegue
moldar uma peça com tanta perfeição. E assim segue na segunda e
terceira estrofe, porém agora ele compara o trabalho do ourives com
o de um poeta. O poeta por sua vez também molda as suas estrofes,
para se tornarem perfeitas assim como as peças do ourives. Nas duas
últimas estrofes, há um culto a poesia, como ela se fosse uma Deusa
na qual o poeta deve sempre estar disposto a servir.
ARCADISMO
O
arcadismo é considerado o oposto do Barroco, pois possuía uma forma
de poesia muito simples. Seus temas eram bastante comuns como o amor,
a morte e o casamento. Supera os conflitos espirituais do Barroco,
volta aos modelos clássicos da Grécia Antiga e possui poesia
descritiva e objetiva junto com um ideal de vida simples, junto à
natureza. Também era muito presente a idealização da mulher amada.
Um de seus principais escritores foi o poeta Horácio, que foi quem
influenciou o principal pensamento desta escola literária, o "carpe
diem", ou seja, gozar a vida, viver agora.
Principais
autores: Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu): "Cartas Chilenas",
Cláudio Manuel da Costa (Glauceste Satúrnio): "Obras",
José Basílio da Gama (Termindo Sípílio): "O Uruguai".
SONETO
XIV – Cláudio Manuel da Costa
Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Este soneto de
Cláudio Manuel da Costa exemplifica as características do
arcadismo, em oposição às do parnasianismo. Enquanto o
parnasianismo usa a arte pela arte sem se preocupar com o que
acontece no presente, o arcadismo critica diversas faces da população
brasileira e ainda assim cultuando o campo. Esse culto ao campo se
mostra nessas estrofes, na qual o poeta utiliza de diferentes
meios linguísticos para mostrar o quanto a cidade só traz a
discórdia para a vida das pessoas. Isso fica claro na primeira
estrofe em que o poeta apresenta o motivo de as pessoas não morarem
no campo, pois ou elas desconhecem o rosto da violência, ou nunca
provaram da paz. Ao longo do soneto ele desenvolve mais essa ideia de
que o campo deve ser valorizado e a cidade só é motivo de tristezas
e traições. Para complementar no final, ele comenta que no campo é
que tudo se equilibra, tomando isso como padrão de vida para o
autor.