sexta-feira, 18 de julho de 2014

Parnasianismo e Arcadismo, uma breve reflexão.

PARNASIANISMO

    O Parnasianismo surgiu no Século XIX na França. Apareceu como um movimento opositor ao Romantismo, tentando lutar contra o descuido textual e o sentimentalismo exagerado. O interesse pela beleza trouxe algumas características como a arte pela arte, objetividade, com textos rebuscados, o culto à forma e a valorização dos clássicos. O próprio nome dado remete à "Parnasos", o lar das musas na mitologia grega, e o estilo retomou conceitos da Antiguidade Clássica como o racionalismo. A principal característica parnasiana era a valorização do soneto, da métrica, da rima e foram os pontos mais importantes dessa escola literária.
Os principais autores são:
Alberto de Oliveira (1857 – 1937): Um dos mais típicos poetas parnasianos. Suas poesias se caracterizam por um grande preciosismo vocabular. Possui características românticas, porém não tão sentimental como os românticos. Obras: “Canções Românticas”, “Meridionais”, “Sonetos e Poemas”, “Versos e Rimas”.
Raimundo Correa (1860 – 1911): A visão negativa e subjetiva que tinha do mundo deu um certo tom filosófico à sua poesia, embora apenas superficialmente. Poemas:” Plenilúnio”, “Banzo”, “A cavalgada”, “Plena Nudez”, “As pombas”.
Olavo Bilac (1865 – 1918): Tentou estudar medicina e advocacia, porém abandonou as duas carreiras por gostar mais de artes plásticas. Além de poesias, também escreveu crônicas e comentários, que inicialmente foram publicados em jornais e revistas. Criou uma linguagem pessoal e comunicativa, não ficando limitado às idéias parnasianas. Escreveu: “A sesta de Nero”, “O incêndio de Roma”, “O Caçador de Esmeraldas” “Panóplias” e “Via Láctea”.
Estes três autores formam a conhecida "Tríade Parnasiana".
Profissão de Fé - Olavo Bilac

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:

Porque o escrever – tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal… nem há notícia
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma.

               O poema Profissão de Fé de Olavo Bilac é um clássico do parnasianismo, pois engloba exatamente as suas principais características em apenas alguns versos. Na primeira estrofe se apresenta uma grande admiração do autor para com o ourives, com a delicadeza no qual ele consegue moldar uma peça com tanta perfeição. E assim segue na segunda e terceira estrofe, porém agora ele compara o trabalho do ourives com o de um poeta. O poeta por sua vez também molda as suas estrofes, para se tornarem perfeitas assim como as peças do ourives. Nas duas últimas estrofes, há um culto a poesia, como ela se fosse uma Deusa na qual o poeta deve sempre estar disposto a servir.


ARCADISMO
    O arcadismo é considerado o oposto do Barroco, pois possuía uma forma de poesia muito simples. Seus temas eram bastante comuns como o amor, a morte e o casamento. Supera os conflitos espirituais do Barroco, volta aos modelos clássicos da Grécia Antiga e possui poesia descritiva e objetiva junto com um ideal de vida simples, junto à natureza. Também era muito presente a idealização da mulher amada. Um de seus principais escritores foi o poeta Horácio, que foi quem influenciou o principal pensamento desta escola literária, o "carpe diem", ou seja, gozar a vida, viver agora.
Principais autores: Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu): "Cartas Chilenas", Cláudio Manuel da Costa (Glauceste Satúrnio): "Obras", José Basílio da Gama (Termindo Sípílio): "O Uruguai".


SONETO XIV – Cláudio Manuel da Costa

Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!

               Este soneto de Cláudio Manuel da Costa exemplifica as características do arcadismo, em oposição às do parnasianismo. Enquanto o parnasianismo usa a arte pela arte sem se preocupar com o que acontece no presente, o arcadismo critica diversas faces da população brasileira e ainda assim cultuando o campo. Esse culto ao campo se mostra  nessas estrofes, na qual o poeta utiliza de diferentes meios linguísticos para mostrar o quanto a cidade só traz a discórdia para a vida das pessoas. Isso fica claro na primeira estrofe em que o poeta apresenta o motivo de as pessoas não morarem no campo, pois ou elas desconhecem o rosto da violência, ou nunca provaram da paz. Ao longo do soneto ele desenvolve mais essa ideia de que o campo deve ser valorizado e a cidade só é motivo de tristezas e traições. Para complementar no final, ele comenta que no campo é que tudo se equilibra, tomando isso como padrão de vida para o autor.


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