terça-feira, 25 de março de 2014

Análise: A Maria dos povos, sua futura esposa - Gregório de Matos




Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol e o dia:


Enquanto com gentil descortesia,
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança brilhadora
Quando vem passear-te pela fria...


Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda a ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.


Ó não guardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.


Fonte: Spina, S. 1995. A poesia de Gregório de Matos. SP, Edusp.


            A poesia é baseada na passagem do tempo e no envelhecimento das pessoas. Na primeira estrofe, as passagens tem uma relação muito forte com a beleza de Maria, afinal ela é uma mulher jovem. O eu lírico segue o mesmo pensamento na segunda estrofe, porém agora ele passa a elogiar seus cabelos. 
            Quando o terceto se inicia, ele começa a aconselhar a mulher, com dizeres para aproveitar a juventude. Pois quando o tempo passar, e ela chegar na velhice, perderá sua beleza, ou seja, a flor não brilhará mais. E essa perda do brilho vem acompanhada da morte, a qual vai transformar Maria “Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”

12 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. “Sua mulher fugiu de casa para a do tio, desesperada das desenvolturas de Gregorio de Mattos. O tio querendo restabelecel-a na amizade de seu marido, procurou a este, que concordou em que ella voltasse para a casa, porém somente com a condição de que a receberia, sendo-lhe ella apresentada por um Capitão do matto como escrava fugida, acto que se executou da forma mais decorosa, pagando Gregorio generosamente ao Capitão do matto; e protestando que, desde então, todos os filhos que tivesse, se chamariam Gonçalos, para que se dissesse que sua casa era de Gonçalo, onde a gallinha pode mais que o gallo.”

    Annaes do Archivo Publico e Inspetoria de Monumentos, vol. XIX, Bahia, Imprensa Official do Estado, 1931, p. 220-221.

    ResponderExcluir
  3. Que figura de linguagem tem nesse texto?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gradação: “Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”

      Excluir
    2. Diria também que metáfora: ''rosada Aurora'', ''Em teus olhos e boca o sol, e o dia''

      Excluir
  4. qual a figura de linguagem e o eu lírico?

    ResponderExcluir
  5. Qual a estrutura, (métrica)?

    ResponderExcluir